Luciano Carlos Cunha[1]
Sumário:
- 1. Introdução
- 2. A tríade de influência
- 3. Relacionando os fatores da tríade de influência
- 4. Quando a intenção é prejudicar
- 5. O agente indiferente
- 6. Quando o objetivo é beneficiar
- 7. Comparando com situações onde não há um agente decisor
- 8. O que podemos tentar fazer?
- 8.1. Em relação a quem já visa beneficiar
- 8.2. Em relação a agentes indiferentes
- 8.3. Em relação a agentes que visam prejudicar
- 8.4. Em relação a acontecimentos sem agentes
- 9. Limites da análise feita aqui e como expandir esses limites em análises posteriores
- 10. Conclusões
1. Introdução
O surgimento de novas tecnologias pode multiplicar enormemente o potencial para se gerar sofrimento[2]. Isso é assim porque elas podem proporcionar um poder enorme a indivíduos que não se importam com aqueles que seriam afetados negativamente por tais tecnologias, ou mesmo a indivíduos que almejam prejudicá-los. Entretanto, novas tecnologias também podem ser ferramentas para minimizarmos o sofrimento[3], desde que haja uma motivação para fazê-lo e o conhecimento adequado.
Esse é um exemplo de como um aumento de poder tem resultados muito diferentes dependendo da meta almejada por quem o detêm. Mas, como veremos a seguir, a intenção dos agentes e o seu grau de poder não determinam sozinhos se o resultado será esse ou aquele. Há pelo menos outro fator crucial: o grau de conhecimento que os agentes possuem para alcançar a meta almejada.
Neste texto exploraremos a relação entre esses três fatores (intenção, conhecimento e poder), imaginando várias possibilidades de combinações entre eles, e como isso influencia na probabilidade de o resultado ser mais negativo ou positivo para os afetados por tais decisões.
2. A tríade de influência
Como saber se uma decisão terá resultados com saldo positivo ou negativo para os afetados por ela? Como estimar o tamanho desse saldo? De quais fatores isso depende? Embora haja muitos fatores, neste texto, exploraremos a relação entre três fatores que parecem cruciais: a intenção dos agentes, o seu grau de conhecimento e o seu grau de poder. Chamaremos esses fatores de tríade de influência.
No item 3 esses três fatores estão relacionados em uma tabela, da seguinte forma:
- Intenção: diz respeito ao que o agente almeja. Está divida em:
- Prejudicar
- Indiferente: o agente não almeja prejudicar, mas não se importaria caso o prejuízo seja um efeito colateral da busca por sua meta, e prejudicaria caso fazê-lo for um bom meio para alcançar sua meta. Da mesma maneira, não almeja beneficiar, mas não se importaria caso o benefício seja um efeito colateral da busca por sua meta e beneficiaria caso fazê-lo for um bom meio para alcançar sua meta. Em resumo, nesse tipo de intenção, se o agente causará mais prejuízo ou mais benefício, e em que medida, é algo que depende do que for mais eficiente para alcançar sua meta.
- Beneficiar
- Agente inexistente (processos naturais que ocorrem sem um decisor racional)
- Conhecimento: diz respeito ao grau com o que o agente sabe como usar os meios disponíveis para alcançar a meta que busca. Está dividido em pouco ou muito.
- Poder: diz respeito ao grau com que o agente possui os meios para alcançar a meta que busca. Está dividido em pouco ou muito. Isso inclui a quantidade de recursos de que dispõe, o grau de influência que exerce sobre as decisões de outras pessoas ou nas instituições etc.
Obviamente, essas classificações são simplificações grosseiras. Por exemplo, os graus de poder e de conhecimento, bem como os tipos de intenção, não possuem, obviamente, apenas dois ou três estágios. Em vez disso, variam em um espectro gradual, com muitas possibilidades. Entretanto, ainda assim, a simplificação grosseira pode nos dar alguns insights bastante úteis, pelo menos como pontapé inicial para investigarmos essa questão.
Importante: no que se segue, quando falarmos do quão longe ou perto alguém estaria da meta que almeja, isso aplica-se tanto a metas que tem um limite quanto as que são ilimitadas. Por exemplo, uma meta como “assistir a Copa do Mundo de 2026” tem um limite, pois, terminada a copa, a meta está finalizada. Já metas diversas como “maximizar os lucros com a exploração animal” e “beneficiar ao máximo todos os seres sencientes” são metas ilimitadas, pois sempre há como aumentar os resultados. Assim, quando dizemos “o meio A é mais é eficiente do que o meio B para alcançar a meta X”, podemos estar a dizer tanto que tal meio alcança um mesmo resultado gastando menos recursos (dinheiro ou tempo, por exemplo) quanto que tal meio proporciona resultados maiores gastado a mesma quantidade de recursos.
3. Relacionando os fatores da tríade de influência
A tabela a seguir explora as possibilidades de combinações da tríade de influência. Os resultados dizem respeito ao grau de probabilidade de as consequências serem positivas ou negativas para os afetados. O motivo pelo qual os resultados são estes para cada possibilidade serão explicados nos itens 4, 5, 6 e 7.
| Possibilidade | Intenção | Conhecimento | Poder | Probabilidade de um resultado… |
| 1 | Prejudicar | Pouco | Pouco | Pouco negativo (ou até mesmo positivo, mas pouco positivo) |
| 2 | Prejudicar | Pouco | Muito | Pouco negativo (ou até mesmo positivo, mesmo muito positivo) |
| 3 | Prejudicar | Muito | Pouco | Pouco negativo (mas, não positivo) |
| 4 | Prejudicar | Muito | Muito | Muito negativo |
| 5 | Indiferente | Pouco | Pouco | Pouco negativo |
| 6 | Indiferente | Pouco | Muito | Mais negativo do que em 5 e menos do que em 8. |
| 7 | Indiferente | Muito | Pouco | Mais negativo do que em 5 e menos do que em 8. |
| 8 | Indiferente | Muito | Muito | Muito negativo |
| 9 | Beneficiar | Pouco | Pouco | Pouco positiva (ou até mesmo negativa, mas pouco negativa) |
| 10 | Beneficiar | Pouco | Muito | Pouco positivo (ou até mesmo negativo, mesmo muito negativo) |
| 11 | Beneficiar | Muito | Pouco | Pouco positiva (mas não negativa) |
| 12 | Beneficiar | Muito | Muito | Muito positivo |
| 13 | Agente inexistente* | ____________ | _____ | Muito negativo (dada a maneira como ocorre a seleção natural) |
* Agentes inexistentes são os processos que ocorrem sem um agente deliberador como, por exemplo, processos naturais.
Nos itens 4, 5, 6 e 7 veremos as explicações sobre cada resultado e também exemplos.
Importante: em todas as explicações e exemplos, falaremos de “prejudicar/beneficiar muito/pouco”, “dano/benefício pequeno/grande”, “resultado pouco/muito negativo/positivo” etc. Isso deve ser entendido sempre proporcionalmente ao tamanho da meta. Por exemplo, se um agente pretende afetar (seja lá se for para beneficiar ou prejudicar) um quintilhão de seres, mas consegue afetar apenas um milhão, isso é pouco (em comparação à sua meta) mas é, ainda assim, um número grande de indivíduos afetados.
4. Quando a intenção é prejudicar
Na tabela inicial, tínhamos as seguintes possibilidades:
| Possibilidade | Intenção | Conhecimento | Poder | Probabilidade de um resultado… |
| 1 | Prejudicar | Pouco | Pouco | Pouco negativo (ou até mesmo positivo, mas pouco positivo) |
| 2 | Prejudicar | Pouco | Muito | Pouco negativo (ou até mesmo positivo, mesmo muito positivo) |
| 3 | Prejudicar | Muito | Pouco | Pouco negativo (mas, não positivo) |
| 4 | Prejudicar | Muito | Muito | Muito negativo |
Essas possibilidades são explicadas e exemplificadas a seguir:
(1) Suponhamos um agente que almeja prejudicar, mas que tem pouco conhecimento sobre como alcançar sua meta e pouco poder para alcançá-la. É provável que não consiga causar um dano muito grande. Dado que tem pouco conhecimento sobre como alcançar sua meta, pode até mesmo sem querer produzir um benefício tentando causar um malefício. Entretanto, se isso ocorrer, como tem pouco poder, provavelmente também será um benefício pequeno.
(2) Suponhamos um agente que almeja prejudicar, tem muito poder para fazê-lo, mas tem pouco conhecimento sobre como fazê-lo. É provável que não consiga causar um dano muito grande. Como na possibilidade 1, como tem pouco conhecimento sobre como alcançar sua metam pode até mesmo sem querer produzir um benefício tentando causar um malefício. Entretanto, desta vez, se isso ocorrer, como tem muito poder, é possível até mesmo que cause um benefício grande sem querer.
Vejamos um exemplo que ilustra as possibilidades 1 e 2:
Suponhamos um agente que tenha o seguinte objetivo: toda vez que for possível um animal nascer para uma vida predominantemente positiva, tentar impedir que esse animal nasça. Imaginemos também que esse agente acredita equivocadamente que a maioria dos animais que nasce na natureza têm vidas predominantemente positivas (na realidade, ocorre exatamente o oposto[4]). Tal agente decide então tentar fazer com que nasçam cada vez menos animais nessa situação. Dada a sua falta de conhecimento sobre como alcançar sua meta, quanto mais poder esse agente tiver, maior o efeito positivo que causará (pois, na verdade, estará impedindo que os animais nasçam para uma vida repleta de sofrimento).
Vejamos agora as possibilidades 3 e 4:
(3) Suponhamos um agente que almeja prejudicar, tem muito conhecimento para alcançar sua meta, mas pouco poder para fazê-lo. Dada a falta de poder, é provável que não consiga causar um prejuízo muito grande. Entretanto, como possui bastante conhecimento para alcançar sua meta, provavelmente não causará um benefício sem querer, haja vista que sua meta é causar prejuízos.
(4) Suponhamos um agente que almeja prejudicar, tem muito conhecimento sobre como alcançar sua meta e muito poder para fazê-lo. A probabilidade de o resultado ser muito negativo para os afetados é altíssima.
Vejamos um exemplo que ilustra as possibilidades 3 e 4:
Suponhamos um agente que tenha o seguinte objetivo: maximizar o sofrimento por todo o universo. Imaginemos também que esse agente sabe que, quanto maior a taxa reprodutiva de um animal, maiores as chances de a maioria dos filhotes nascerem para vidas repletas de sofrimento[5]. Tal agente decide então tentar fazer com que os animais que maximizam a quantidade de filhotes se reproduzam em taxas cada vez mais elevadas. Como tal agente sabe muito bem quais são os meios para alcançar sua meta, quanto mais poder tiver, maior o efeito negativo que causará. Por exemplo se na época em que viver já for possível colonizar outros planetas ou mesmo galáxias[6], e tiver poder para fazer isso e enviar tais animais para se reproduzirem nesses outros locais, o efeito negativo será astronomicamente maior do que se tiver poder para fazer o mesmo apenas no planeta Terra.
5. O agente indiferente
Agora abordaremos as possibilidades relacionadas ao que chamaremos de agente indiferente. Esse tipo de agente possui as seguintes características:
- A meta que busca não é causar prejuízos, mas se a busca por sua meta tiver como efeito colateral causar prejuízos, não se refreará de buscá-la por isso.
- A meta que busca não é causar prejuízos, mas se causar prejuízo for instrumental para alcançar sua meta, buscará causar esse prejuízo.
- A meta que busca não é causar benefícios aos seres sencientes em geral, mas se a busca por sua meta tiver como efeito colateral beneficiá-los, não se refreará de buscá-la por isso.
- A meta que busca não é causar benefícios aos seres sencientes em geral, mas se beneficiá-los for instrumental para alcançar sua meta, buscará causar esse benefício.
No caso de decisões de agentes indiferentes, para analisarmos a probabilidade de o resultado ser positivo ou negativo (e o quanto), é crucial saber o quanto a maneira usual de o agente buscar sua meta causa sofrimento (instrumental ou colateral), e se há outra maneira mais eficiente de alcançar sua meta que cause menos sofrimento (ou mesmo não cause sofrimento, ou até mesmo previna sofrimento). Para efeito de simplificação, estamos supondo aqui agentes indiferentes racionais, isto é, que buscam alcançar sua meta do modo mais eficiente possível. Na vida real, nem sempre as pessoas escolhem a solução mais eficiente.
Um exemplo típico de agente indiferente são as pessoas que exploram os animais[7]. Na vasta maioria dos casos, essas pessoas não almejam o prejuízo para os animais por si: o que almejam é maximizar os lucros com sua exploração. Entretanto, a maneira que consideram mais eficiente de maximizarem esse lucro tem como efeito colateral maximizar o prejuízo para os animais. Em algumas vezes, o sofrimento dos animais é também instrumental às metas que visam alcançar (e não apenas colateral). Por exemplo, por vezes causar sofrimento aos animais é instrumental para o ganho de informações (em determinadas pesquisas sobre dor, por exemplo).
Isso se aplica também aos consumidores de produtos e serviços decorrentes da exploração animal. Por exemplo, a maioria das pessoas que consome produtos de origem animal não o faz porque almeja o prejuízo para os animais por si, e sim, porque gosta de um sabor específico. O que acontece é que, no caso dessas pessoas, o prejuízo que isso acarreta para os animais não é considerado suficiente para que mudem sua prática. Nesse caso, pelo menos, são também agentes indiferentes.
Seja lá se estivermos a falar de produtores ou consumidores, como estamos falando de agentes indiferentes, para que mudem sua conduta não é suficiente mostrar que já estão disponíveis ou que podem ser desenvolvidos métodos substitutivos ao uso de animais (como a carne celular ou os métodos de pesquisa que não usam animais, por exemplo). Para que o agente indiferente mude sua prática, é necessário que ele acredite que o método que não prejudica os animais é mais eficiente para alcançar a sua meta.
Para efeito de simplificação, nas explicações e exemplos a seguir estão casos onde a maneira que o agente indiferente busca sua meta causa sofrimento (colateral e/ou instrumental). Vejamos como isso se relaciona ao grau de conhecimento e poder que o agente indiferente possui para buscar sua meta:
Na tabela inicial tínhamos:
| Possibilidade | Intenção | Conhecimento | Poder | Probabilidade de um resultado… |
| 5 | Indiferente | Pouco | Pouco | Pouco negativo |
| 6 | Indiferente | Pouco | Muito | Mais negativo do que em 5 e menos do que em 8. |
| 7 | Indiferente | Muito | Pouco | Mais negativo do que em 5 e menos do que em 8. |
| 8 | Indiferente | Muito | Muito | Muito negativo |
Vejamos as explicações de cada possibilidade e exemplos:
(5) Suponhamos um agente indiferente com pouco poder para alcançar suas metas e pouco conhecimento sobre como fazê-lo.
Se a maneira usual de o agente indiferente buscar sua meta causa sofrimento (colateral ou instrumental), como tem pouco conhecimento sobre como alcançá-la e pouco poder para fazê-lo. a probabilidade é de o efeito ser menos negativo do que nas possibilidades seguintes (pois, provavelmente, aqui ele alcançaria essas metas em um grau pequeno).
(6) Suponhamos um agente indiferente com pouco conhecimento sobre como alcançar suas metas, mas com muito poder para fazê-lo.
Se a maneira usual de o agente indiferente buscar sua meta causa sofrimento (colateral ou instrumental), apesar do muito poder para fazê-lo. como tem pouco conhecimento sobre como alcançá-la, a probabilidade é de o efeito negativo não ser maximizado (pois, provavelmente, ele alcançaria essas metas em um grau menor). Entretanto, dado o grau alto de poder, é provável que seja um efeito mais negativo do que na possibilidade 5.
(7) Suponhamos um agente indiferente com muito conhecimento sobre como alcançar suas metas, mas pouco poder para fazê-lo.
Nesse caso, a maneira escolhida pelo agente indiferente para buscar sua meta causa sofrimento (colateral ou instrumental) porque ele sabe que essa é uma maneira eficiente de alcançá-la (já que tem possui muito conhecimento sobre como alcançá-la). Entretanto, apesar do muito conhecimento, como tem pouco poder, a probabilidade é de o efeito negativo também não ser maximizado (pois, provavelmente, ele alcançaria sua meta em um grau menor). Mas, novamente, dado o grau alto de conhecimento, é provável que seja um efeito mais negativo do que na possibilidade 5.
Agora, é incerto se o efeito negativo tenderia a ser maior ou menor do que na possibilidade 6, pois isso dependeria: (1) de se o que pesa mais na produção de sofrimento é o grau de poder ou o grau de conhecimento do agente indiferente e, (2) de qual seria a relação entre grau de conhecimento e grau de poder em cada exemplo de casos do tipo 6 e 7.
(8) Suponhamos um agente indiferente com muito conhecimento sobre como alcançar suas metas e muito poder para fazê-lo.
Nesse caso, como estamos falando de um agente com muito conhecimento, são altas as chances de ele descobrir a maneira mais eficiente de buscar sua meta. Como terá também muito poder para fazê-lo, o que é crucial aqui para determinar o quanto o resultado conterá de sofrimento é qual é a maneira mais eficiente de buscar sua meta, e o quanto ela tem como resultado o sofrimento.
É possível também que uma maneira eficiente de o agente indiferente alcançar sua meta também previna sofrimento. Por exemplo, quando os humanos constroem rodovias em áreas selvagens, normalmente não se importam com o prejuízo causado aos animais selvagens que lá vivem. Provavelmente muitos morrerão por conta da construção. Entretanto, por diminuir também a biomassa vegetal disponível, tal prática também diminui as taxas de reprodução, e por isso também previne que muitos animais cheguem a nascer apenas para sofrer[8]. Provavelmente, apesar do prejuízo que tal prática causa, devido ao dano que ela previne é provável que ela resulte em menos mortes e sofrimento em comparação a ter no lugar da rodovia uma floresta. Não se está aqui a dizer que tal prática é necessariamente justificável. O que se pretende mostrar é apenas que as práticas dos agentes indiferentes por vezes tem efeitos positivos como um efeito colateral da maneira como buscam sua meta.
6. Quando o objetivo é beneficiar
Na tabela inicial, tínhamos as seguintes possibilidades:
| Possibilidade | Intenção | Conhecimento | Poder | Probabilidade de um resultado… |
| 9 | Beneficiar | Pouco | Pouco | Pouco positiva (ou até mesmo negativa, mas pouco negativa) |
| 10 | Beneficiar | Pouco | Muito | Pouco positivo (ou até mesmo negativo, mesmo muito negativo) |
| 11 | Beneficiar | Muito | Pouco | Pouco positiva (mas não negativa) |
| 12 | Beneficiar | Muito | Muito | Muito positivo |
Essas possibilidades são explicadas e exemplificadas a seguir:
(9) Suponhamos um agente que visa beneficiar, mas tem pouco conhecimento sobre como alcançar sua meta e pouco poder para fazê-lo. Dado o pouco conhecimento e pouco poder, é provável que, se conseguir realizar algum resultado positivo, será pouco positivo. Dada a falta de conhecimento, é possível que cause até mesmo um resultado negativo sem querer mas, como tem pouco poder, provavelmente será pouco negativo.
(10) Suponhamos um agente que visa beneficiar, tem pouco conhecimento sobre como alcançar sua meta, mas muito poder para fazê-lo. Como tem pouco conhecimento, é provável que, se conseguir realizar algum resultado positivo, será pouco positivo (mas, como tem mais poder, provavelmente será mais positivo do que na possibilidade 9). Dada a falta de conhecimento, é possível que cause até mesmo um resultado negativo e, como tem muito poder, se isso acontecer, pode até mesmo causar um resultado muito negativo.
Vejamos um exemplo que ilustra as possibilidades 9 e 10:
Imaginemos que um grupo de pessoas queiram beneficiar os animais selvagens. Imaginemos que essas pessoas decidem tentar fazer com que nasça o maior número possível de animais na natureza, por acreditarem equivocadamente que a maioria dos animais que nasce na natureza vivem vidas predominantemente positivas (como vimos, na verdade acontece exatamente o oposto). O efeito negativo resultante será maior quanto mais poder de fazer nascer animais na natureza essas pessoas tiverem.
Vejamos agora as possibilidades 11 e 12:
(11) Suponhamos um agente que visa beneficiar, tem muito conhecimento sobre como alcançar sua meta, mas pouco poder para fazê-lo. Como tem pouco poder, é provável que, se conseguir realizar algum resultado positivo, será pouco positivo. Entretanto, como possui bastante conhecimento sobre como alcançar sua meta, as chances de causar um resultado negativo são baixas.
(12) Suponhamos um agente que visa beneficiar, tem muito conhecimento sobre como alcançar sua meta, e muito poder para fazê-lo. É provável que o resultado será muito positivo.
Vejamos um exemplo que ilustra as possibilidades 11 e 12:
Imaginemos que um grupo de pessoas queiram beneficiar os animais selvagens. Suponhamos também que essas pessoas tenham muito conhecimento sobre quais tipos de intervenções na natureza tenderiam a ter saldo positivo e quais tenderiam a ter saldo negativo ao longo do tempo para os animais que lá vivem[9]. O efeito positivo resultante será maior quanto mais poder essas pessoas tiverem (e o quão mais aumentarem o seu conhecimento ao longo do tempo).
7. Comparando com situações onde não há um agente decisor
A estrutura desenvolvida aqui permite compararmos qualquer uma das 12 primeiras possibilidades (onde há um agente com uma intenção) não apenas entre si, mas com a possibilidade 13, onde não há um agente decisor. Na possibilidade 13 estamos a falar de resultados que decorrem dos processos naturais.
Para comparar qualquer uma das 12 primeiras possibilidades à possibilidade 13 (em termos de se o resultado seria pior ou melhor para os afetados), temos de pesar a magnitude dos danos naturais que aconteceriam em comparação ao que provavelmente ocorreria se os riscos associados a cada uma das 12 possibilidades se materializassem.
Por exemplo, as vítimas da exploração animal são em número gigantesco: muitos trilhões ao ano. Entretanto, essa quantidade de vítimas, que já é enorme, se torna pequena se comparada às vítimas de processos naturais. Por sua vez, se no futuro os humanos tiverem acesso à tecnologia de colonização espacial ou de criação de seres sencientes em meios digitais, é bem possível que o sofrimento atual (somando-se aquele causado por humanos e por processos naturais) torne-se “um grão de areia” em comparação ao sofrimento que seria criado[10].
8. O que podemos tentar fazer?
A seguir estão algumas sugestões do que tentar fazer em termos de influenciar cada um dos tipos de decisores com o objetivo de que o resultado tenda para o positivo (ou, pelo menos, que seja menos negativo).
8.1. Em relação a quem já visa beneficiar
Tentando ampliar a meta
Há já várias pessoas tentando causar benefícios, mas geralmente não a todos os seres sencientes. Por exemplo, a maioria das pessoas que se dedica a alguma causa o faz apenas por causas humanas, apesar de a vasta maioria do sofrimento no mundo ser padecido por animais não humanos.
E, mesmo no ativismo animal, muitos animais são deixados de lado. Por exemplo, quando fala-se sobre animais usados para consumo, a vasta maioria que é usada (crustáceos e outros invertebrados) é deixada em segundo plano ou mesmo de lado. Há uma negligência maior ainda da situação dos animais na natureza em decorrência dos processos naturais.
Então, vale a pena fornecer informações para essas pessoas, tanto sobre os fatos (por exemplo, informar sobre quais são os animais mais usados, sobre a situação dos animais na natureza, sobre riscos-s etc.) quanto sobre argumentos que explicam por que devemos considerar todos os seres sencientes e todas as formas de dano aos quais eles poderiam estar sujeitos.
Tentando aumentar o conhecimento
Podemos tentar fazer com que aqueles agentes que visam beneficiar e já tem mais poder (seja em termos de recursos, influência, poder de decisão etc.) obtenham mais conhecimento sobre como alcançar sua meta. Isso aumentaria a probabilidade de o efeito de suas ações ter um saldo mais positivo mas, acima de tudo, preveniria que o saldo fosse negativo.
Por exemplo, podemos tentar fornecer informações a esses agentes sobre longoprazismo e riscos-s, sobre como os processos naturais afetam os animais, sobre quais os problemas que afetam as maiores quantidades de animais, sobre critérios de prioridade para decidir sobre causas problemas e estratégias e assim por diante.
Tentando aumentar o poder
Podemos sugerir que aqueles agentes que já tem mais conhecimento sobre como melhor alcançar a meta de beneficiar todos os seres sencientes continuem a aumentar esse conhecimento, e que também considerem fortemente tentarem aumentar o seu poder.
Por exemplo, podem tentar construir carreiras nas quais sejam bem remunerados, tentar algum cargo com poder de decisão ou aumentar o seu grau de influência (isso pode ser feito por meio da publicação de livros, artigos, ter canais em mídias sociais etc.).
8.2. Em relação a agentes indiferentes
Tentando fazer com que deixem de ser indiferentes
É possível tentar fazer com que os agentes indiferentes deixem de sê-lo. Muitos são indiferentes porque nunca pararam para pensar sobre isso. Por exemplo, a vasta maioria dos defensores dos animais, até algum ponto de suas vidas, foi indiferente em relação aos animais usados para consumo, e a maioria dos ativistas da causa animal ainda é indiferente à situação dos animais selvagens e ao futuro em longo prazo[11]. É claro, muitas pessoas não deixarão de ser indiferentes, mas pelo menos alguma parte dessas pessoas pode vir a mudar.
Vale a pena focar em pessoas que vemos que têm potencial para mudar (sobretudo, se elas ocupam posições de poder, incluindo poder de influência). Por exemplo, podemos enviar a essas pessoas materiais que não apenas mostrem as razões para se considerar todos os seres sencientes, mas também que ofereçam conhecimento sobre como melhor beneficiá-los.
Tentando fazer com que a maneira mais eficiente de alcançarem sua meta seja benéfica
Vimos que, se os agentes indiferentes prejudicarão ou beneficiarão outros seres sencientes, é algo que depende crucialmente de qual é o modo mais eficiente de alcançarem as suas metas. Assim sendo, podemos tentar fazer com que a maneira mais eficiente de alcançarem suas metas não envolva prejudicar seres sencientes. Por exemplo, podem ser pesquisadas maneiras de se produzir produtos e serviços para substituir o uso de animais (como a carne celular e os métodos de pesquisa que não usam animais).
Entretanto, como deve estar claro, apenas a existência dessas outras possibilidades não é suficiente para que os agentes indiferentes parem de prejudicar os seres sencientes: é preciso que essas outras possibilidades sejam mais eficientes para alcançar a mesma meta, ou permitam alcançá-la em maior medida.
Por exemplo, se a carne celular se tornar mais barata de ser produzida do que criar e matar animais para o mesmo fim, provavelmente os produtores optarão por utilizá-la. Entretanto, o grau de aceitação do público provavelmente vai depender de se o produto oferece vantagens em relação ao de origem animal. Por exemplo, as carroças foram gradualmente substituídas por carros porque o carro apresentava ao público vantagens em termos de velocidade e comodidade.
Tentando limitar o poder
Também é possível tentar limitar o poder que os agentes indiferentes têm de prejudicar outros seres sencientes. Por exemplo, pode-se tentar criar legislações que garantam direitos legais para animais não humanos[12] e para possíveis seres sencientes futuros.
8.3. Em relação a agentes que visam prejudicar
É possível tentar fazer com que visem beneficiar?
Poder-se-ia pensar que não há como fazer com que agentes que visam prejudicar passem a ter a meta de beneficiar. É claro, isso é muito mais difícil (talvez impossível) se estamos a falar de agentes sádicos, psicopatas etc. Entretanto, é importante lembrar que nem todos os agentes que tem como objetivo prejudicar alguém o fazem porque possuem essas tendências. Além disso, o prejuízo que almejam causar geralmente é direcionado a grupos ou indivíduos específicos, e os motivos pelos quais as pessoas tentam fazê-lo são variáveis. Vão desde sentimentos de justiça retributiva até ódio por conta de preconceito a indivíduos específicos. Seja lá qual for a motivação, em uma boa parte dos casos os indivíduos que o fazem acreditam estar fazendo a coisa certa. Assim, se passarem a acreditar, em determinado caso, que o que fazem não está certo, isso seria uma motivação para mudarem sua conduta.
Tentando limitar o poder
Também é possível tentar limitar o poder que os agentes têm de prejudicar outros seres sencientes. Novamente, pode-se tentar criar legislações que garantam direitos legais para animais não humanos e para possíveis seres sencientes futuros.
Outras medidas que poderiam contribuir para tal prevenção seriam: (1) tentar diminuir a polarização na sociedade (pois esta aumenta as chances de conflitos e diminui as chances de reflexão na sociedade) e (2) fortalecer sistemas políticos onde o poder é menos concentrado[13]. Você pode ler mais sobre isso aqui.
8.4. Em relação a acontecimentos sem agentes
No caso de acontecimentos sem agentes, podemos sempre tentar fazer com o que o resultado dos processos naturais seja menos danoso para os animais. Por exemplo, por meio do desenvolvimento da área da biologia do bem-estar, podemos pesquisar a fundo sobre como mitigar os efeitos negativos dos processos naturais sobre os animais na natureza.
Podemos também tentar aumentar a preocupação com essa questão na sociedade. Por exemplo, podemos informar, tanto sobre como os processos naturais tipicamente prejudicam os animais, quanto sobre os argumentos que defendem que devemos considerar todas as formas de dano às quais os seres sencientes podem estar sujeitos, e não apenas aqueles decorrentes de práticas humanas.
9. Limites da análise feita aqui e como expandir esses limites em análises posteriores
Obviamente, aqui não foram contempladas todas as variáveis que influenciam nos resultados e, como já dito, as tabelas foram imaginadas como simplificações grosseiras. A seguir está uma lista de simplificações que foram feitas e como elas poderiam ser aprimoradas em análises posteriores com vistas a aumentar a precisão:
(1) Foram estabelecidos os graus de conhecimento e poder em termos de “pouco” ou “muito”. Há infinitos graus dessas variáveis. Outra possibilidade seria fazer uma análise em termos de “quanto menos” e “quanto mais”.
(2) A análise supôs agentes totalmente indiferentes. A indiferença é geralmente uma questão de grau. Por exemplo, um agente indiferente em um grau moderado pode aceitar pagar o preço de não alcançar sua meta da maneira mais eficiente possível, se houver uma alternativa para alcançá-la que cause menos sofrimento ou previna sofrimento. Entretanto, em se tratando de prejuízos causados a animais não humanos, infelizmente, parece que a maior parte das pessoas, pelo menos quanto ao consumo de animais, pende para serem agentes quase que totalmente indiferentes.
(3) Igualmente, a análise supôs agentes cuja intenção é somente prejudicar ou somente beneficiar. Há muitas situações onde os agentes têm intenção de prejudicar alguns indivíduos e beneficiar outros.
(4) A análise pressupôs que os agentes em questão são racionais, no sentido de que escolherão, dentre as várias alternativas, aquela que acreditarem que mais eficientemente alcançará sua meta. Entretanto, na realidade os agentes muitas vezes agem de maneira irracional. Há situações onde um agente, mesmo acreditando que determinada estratégia é mais eficiente para alcançar a sua meta, prefere continuar a aplicar a estratégia menos eficiente, não por considerar antiética a estratégia que é mais eficiente, mas por conta de algum viés (como, por exemplo, o simples fato de já estar acostumado a usar a estratégia menos eficiente por mais tempo). Uma possibilidade nesse sentido seria investigar quais vieses frequentemente afetam as nossas decisões.
(5) Trabalhamos com resultados do tipo “pouco/muito positivo” e “pouco/muito negativo”. Na realidade, a maior parte das nossas decisões tem efeitos tanto negativos quanto positivos. Outra possibilidade seria fazer uma análise em termos de saldo positivo/negativo e tentar quantificar o tamanho desse saldo.
(6) Não fizemos aqui comparações sobre quais dos 13 cenários tenderiam a ser piores ou melhores, e em que medida. Uma tabela hierarquizando-s dessa maneira poderia ser tentada como um desenvolvimento posterior. Uma maneira de fazer isso seria, primeiro, listar quais das 13 possibilidades têm tendência a terem saldo positivo ou negativo, e tentar estimar o quão positivo ou negativo seria o saldo em cada uma das possibilidades. Obviamente, isso poder ser muito difícil de ser comparado. Por exemplo, uma mesma possibilidade tem riscos de ser pouco positiva ou mesmo negativa, e pode ser em certas circunstâncias muito negativa. Isso tudo teria de ser levado em conta em uma comparação assim.
10. Conclusões
Para se produzir um dano gigantesco, não é necessária uma intenção de produzir o dano. A indiferença é suficiente. Além disso, é possível produzir um dano gigantesco com uma boa intenção, se estivermos equivocados quanto ao que conduzirá a tal meta. Esse dano pode ser maior do que o dano resultante de quando há a intenção de produzir o dano, dependendo do quanto o grau de poder é maior do que o grau de conhecimento (quando a meta é beneficiar) e de quanto o grau de poder é menor do que o grau de conhecimento (quando a meta é prejudicar).
Isso tudo converge para a conclusão de que as pessoas que querem tornar o mundo um lugar menos ruim precisam focar em: (1) obter cada vez mais conhecimento sobre quais as maneiras mais eficientes para alcançar sua meta e (2) tentar ter cada vez mais poder (em termos de recursos, influência, ocupar cargos públicos etc.).
Na ausência de uma dessas duas coisas, já é grande a probabilidade de não se fazer uma mudança efetiva. A presença do conhecimento sem poder pode ser ineficiente para alcançar um resultado positivo. Já a presença do poder sem conhecimento corre risco de causar grandes danos, mesmo com boas intenções.
Assim, é muito importante tentar fazer com que as pessoas que tem a intenção de beneficiar todos os seres sencientes e bastante poder tenham também conhecimento sobre como melhor alcançar essa meta. Esse conhecimento pode incluir também saber como impedir que os agentes que não pretendem beneficiar os seres sencientes pelo menos os prejudiquem em menor grau, não os prejudiquem ou mesmo os beneficiem.
REFERÊNCIAS
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Notas:
[1] Doutor em Ética e Filosofia Política pela Universidade Federal de Santa Catarina, coordenador geral no Brasil das atividades da organização Ética Animal (www.animal-ethics.org/pt). É autor dos livros Uma breve introdução à ética animal: desde as questões clássicas até o que vem sendo discutido atualmente (2021) e Razões para ajudar: o sofrimento dos animais selvagens e suas implicações éticas(2022). Publicou também capítulos em outras obras e artigos em periódicos especializados, que podem ser lidos aqui: https://ufsc.academia.edu/LucianoCunha. Contato: luciano.cunha@animal-ethics.org.
[2] Para uma introdução a esse tema, ver Baumann (2017, 2022) e Tomasik (2019).
[3] Para exemplos, ver Ética Animal, 2024[2022], 2022b, 2022d.
[4] Para uma descrição do sofrimento dos animais selvagens, ver Ética Animal (2023 [2020]). Para uma discussão das implicações éticas dessa situação, ver Cunha (2022).
[5] Sobre isso, ver Horta (2010).
[6] Sobre por que isso implicaria o risco de maximizar o sofrimento, ver O’brien (2022).
[7] Para descrições detalhadas de como os animais são prejudicados em cada forma de exploração, ver Ética Animal (2016c).
[8] Sobre isso, ver Tomasik 2022.
[9] Esse tipo de pesquisa seria característico da biologia do bem-estar. Sobre biologia do bem-estar, ver Faria e Horta (2020) e Soryl et. al. (2021).
[10] Para uma discussão sobre isso, ver Baumann (2022).
[11] Para uma introdução à preocupação com o futuro em logo prazo, ver Ética Animal (2018).
[12] Sobre por que o status jurídico atual dos animais não humanos não os permite ter direitos legais, ver Francione (1995).
[13] Para uma discussão sobre esses pontos, ver Baumann (2022, p. 65-76).
A produção deste texto foi financiada pela organização Ética Animal.
