Luciano Carlos Cunha[1]
- 1. Teorias do valor e teorias da ação correta
- 2. Teorias do valor e nomenclaturas utilizadas
- 3. Valor em si e valor instrumental
- 4. Modos da avaliação melhor/pior: melhor/pior do que e melhor/pior de todas
- 5. Valor: em certo aspecto ou tudo considerado?
- 5.1. Um exemplo com a avaliação bom/ruim
- 5.2. Um exemplo com a avaliação melhor/pior
- 5.3. Por que a distinção “em certo aspecto” x “tudo considerado” é importante?
- 6. Como avaliar o quão boa ou ruim é uma situação “tudo considerado”?
- 6.1. Incomensurabilidade
- 6.2. Abordagem monista
- 6.3. Multiplicar um fator pelo outro
- 6.4. Estabelecer uma hierarquia entre os fatores
- 6.5. Manter que os diversos fatores têm peso variável
1. Teorias do valor e teorias da ação correta
Considere dois tipos questão:
- Como avaliar quais situações são boas/ruins, melhores/piores?
- Como avaliar qual a ação correta?
Questões do primeiro tipo são o objeto de estudo da área da teoria do valor[2]. Já as do segundo tipo são objeto de estudo da área da ética (mais especificamente da ética normativa)[3].
Na linguagem comum, quando se fala dos valores de alguém, normalmente o que se quer dizer são os princípios que ela segue ao agir. Entretanto, como vimos, embora estejam relacionados (uma vez que a principal função dos julgamentos sobre valor é guiar a prática), os domínios do valor e da ação correta são dois domínios distintos do pensamento.
Toda vez que fazemos avaliações do tipo bom/ruim, pior/melhor, estamos no domínio do valor. Já quando pensamos no que devemos ou não devemos fazer (e no que tanto faz fazer ou não), estamos no domínio da ação correta.
Como veremos em outro texto, algumas teorias éticas derivam a ação correta totalmente a partir de avaliações sobre quais situações são boas/ruins, melhores/piores, enquanto que outras inserem outros fatores que funcionam como limitadores da busca pela melhor situação.
2. Teorias do valor e nomenclaturas utilizadas
O domínio dos julgamentos sobre valor é bastante amplo: pode ser aplicado a situações, intenções, instrumentos (“esse é um bom martelo?”) etc., sem se estar necessariamente a falar de qual a ação correta. Neste texto focaremos na avaliação do valor de situações.
É importante levar em conta que há dois tipos de nomenclaturas utilizadas nessa discussão, mas que significam a mesma coisa:
| Nomenclatura 1 | Nomenclatura 2 | Significado |
| “X possui valor” | “X possui valor positivo” | “X é bom” |
| “X possui desvalor | “X possui valor negativo” | “X é ruim” |
| “X é neutro em termos de valor” | “X possui valor neutro” | “X não é bom nem ruim” |
Essa distinção é só uma questão de convenção sobre a nomenclatura, não afetando o conceito de valor.
3. Valor em si e valor instrumental
Uma distinção central em teoria do valor é entre bom/ruim em si e bom/ruim instrumentalmente[4]. Quando dizemos que algo é bom em si estamos a dizer que esse algo já é bom sem precisar conduzir a outra coisa boa. Analogamente, se dizemos que algo é ruim em si, estamos a dizer que ele próprio já é ruim sem precisar conduzir a outra coisa ruim. Já quando dizemos que algo é bom ou ruim instrumentalmente, estamos a falar que ele conduz a outras coisas boas ou ruins. Vejamos alguns exemplos:
O sofrimento parece ser o exemplo mais evidente de algo ruim em si. Isto é, o sofrimento já é ele próprio algo negativo: não precisa conduzir a outra coisa negativa para ser negativo. Já a felicidade parece ser o tipo de coisa que já é ela mesma positiva: não precisa conduzir a outra coisa positiva para ser positiva.
Existem outras coisas, contudo, cujo valor ou desvalor dependem unicamente de conduzirem a outras coisas boas ou ruins. Por exemplo, atravessar a rua não parece ser, em si, bom ou ruim. Pode ser bom se nos fará encontrar do outro lado da rua algo que nos cause felicidade; pode ser ruim se formos atropelados ao atravessar, por exemplo.
Contudo, na imensa maioria dos casos, uma coisa será, tanto boa ou ruim em si quanto boa ou ruim instrumentalmente. Vejamos as possíveis combinações e exemplos de cada uma delas:
(1) Algo bom em si e também bom instrumentalmente. Suponhamos que vemos um filme de que gostamos muito e isso nos proporciona uma experiência positiva. Essa experiência, por ser positiva, parece ser já boa em si. Imaginemos também que o prazer que sentimos vendo o filme nos deixa animados a ponto de conseguirmos terminar uma tarefa que estávamos adiando. Nesse caso, o prazer também foi bom instrumentalmente, pois também conduziu a outra coisa boa.
(2) Algo bom em si e ruim instrumentalmente. Suponhamos que comemos uma comida muito saborosa, e, como resultado, temos um prazer imenso ao saboreá-la. O prazer que sentimos parece já ser bom em si. Contudo, imaginemos que tal prazer é tão intenso que nos faz exagerar, a ponto de ficarmos doentes depois. Nesse caso, o prazer, apesar de ter sido positivo em si, foi instrumentalmente negativo (isto é, foi bom e conduziu a outra coisa ruim).
(3) Algo ruim em si e também ruim instrumentalmente. Suponhamos que torci o pé e isso me causou uma dor intensa. Além disso, devido a estar com muita dor, estou fora da corrida que queria participar. Nesse caso, a dor que senti foi tanto ruim em si (pois a dor é sempre uma experiência negativa) quanto ruim instrumentalmente (pois também me impediu de participar da corrida).
(4) Algo ruim em si e bom instrumentalmente. Imaginemos que encosto minha mão no fogo e a dor que sinto faz com que eu afaste automaticamente a mão. Essa dor foi ruim em si: dado o tipo de experiência que é, a dor é sempre experimentada como negativa. Contudo, nesse caso, essa dor foi boa instrumentalmente, pois evitou que eu permanecesse com a mão no fogo e me queimasse ainda mais.
A distinção entre bom/ruim em si e bom/ruim instrumentalmente nos lembra então que:
(1) Algo ser bom em si não implica que seja necessariamente bom instrumentalmente.
(2) Algo ser ruim em si não implica que seja necessariamente ruim instrumentalmente.
(3) Algo ser bom instrumentalmente não implica que seja necessariamente bom em si.
(4) Algo ser ruim instrumentalmente não implica que seja necessariamente ruim em si.
4. Modos da avaliação melhor/pior: melhor/pior do que e melhor/pior de todas
No item anterior falamos de avaliações do tipo bom/ruim. Neste item falaremos de avaliações do tipo melhor/pior. Avaliações do tipo melhor/pior possuem dois modos:
(1) Melhor/pior do que (em inglês, better/worse than);
(2) Melhor/pior de todas (em inglês, the best/worst).
Imaginemos, por exemplo, as situações A, B e C. Suponhamos que, da melhor para a pior, tenhamos: A, B, C. Nesse caso, B é melhor do que C, mas não é a melhor das três. Da mesma maneira, B é pior do que A, mas não é a pior das três.
Importante: uma situação ser melhor do que outra (ou mesmo ser a melhor de todas as que estão sendo comparadas) não garante que ela seja positiva. Analogamente, uma situação ser pior do que outra (ou mesmo ser a pior de todas as que estão sendo comparadas) não garante que seja negativa. Vejamos um exemplo:
Suponhamos que as três situações acima pudessem ser medidas em seu valor (o sinal positivo indica que a situação é boa, e o sinal negativo, que é ruim). Os números indicam o quão boa/ruim é a situação. Imaginemos que tivéssemos: A=+3; B=+2; C=+1. A situação B ser pior do que a situação A não implica que B seja uma situação negativa (como podemos ver, é positiva). Nem mesmo a situação C ser a pior das três implica que ela seja negativa.
Imaginemos agora outro caso, onde A=-1, B=-2, C=-3. A situação B ser melhor do que a situação C não implica que seja positiva. Além disso, a situação A ser a melhor das três também não implica que seja positiva.
Ou seja: enquanto os conceitos de bom/ruim nos indicam se uma situação é positiva ou negativa, os conceitos de melhor/pior do que e melhor/pior de todas não nos dão tal informação.
5. Valor: em certo aspecto ou tudo considerado?
Ao fazermos avaliações do tipo bom/ruim e melhor/pior (“do que” e “de todas”), é importante distinguirmos se estamos a avaliar uma situação como um todo (isto é, tudo considerado) ou apenas em certo aspecto. Veremos isso em mais detalhes a seguir.
A avaliação do valor da situação tudo considerado diz respeito a saber se, levando em conta todos os aspectos bons e ruins da situação, ela é mais positiva ou mais negativa, e o quão mais positiva ou negativa é. Vejamos como essa distinção opera em avaliações do tipo boa/ruim e depois em avaliações do tipo melhor/pior (seja “do que” ou “de todas“):
5.1. Um exemplo com a avaliação bom/ruim
Suponhamos que estou com dor de dentes e vou ao dentista, que precisa fazer um procedimento doloroso em mim para que a dor desapareça. Decido passar pelo procedimento, que é feito com sucesso. Parece que nessa situação há tanto aspectos ruins quanto aspectos bons. O aspecto ruim é que o procedimento é doloroso. O aspecto bom é que a dor de dentes desaparece.
Agora, ao avaliarmos o valor da situação tudo considerado, temos de pesar se os aspectos bons predominam sobre os ruins ou se vice-versa. Se decidi passar pelo procedimento, muito provavelmente é porque conclui que, apesar de o tratamento ser doloroso, o mal que ele impede de acontecer é maior. Isto é, tal situação, apesar de ter aspectos negativos e positivos, é mais positiva do que negativa tudo considerado. Minha avaliação seria a oposta se eu percebesse que a dor que o procedimento causa é maior do que a dor que aliviaria/preveniria.
Demos aqui um exemplo com os aspectos causar dor x aliviar dor. Entretanto, a distinção entre bom/ruim em certo aspecto x tudo considerado poderia se aplicar a quaisquer outros aspectos que estivéssemos levando em conta.
5.2. Um exemplo com a avaliação melhor/pior
Vejamos agora como a distinção em certo aspecto x tudo considerado opera em avaliações do tipo melhor/pior. Peguemos um exemplo com a avaliação “melhor/pior do que“. Considere as duas situações a seguir
| Situação | Quantidade de vítimas | Sofrimento por vítima | Sofrimento agregado |
| S1 | 100 | -10 | -10×100 = -1000 |
| S2 | 50 | -20 | -20×50 = -1000. |
Comparando-se essas duas situações, S1 é melhor sob certo aspecto: nela cada vítima sofre menos. Mas, S2 é melhor sob outro aspecto: nela há menos vítimas. Já a partir do aspecto do sofrimento agregado, ambas são igualmente ruins. Imaginemos agora que temos de escolher S1 ou S2. Para fazermos tal escolha, é preciso avaliar qual das duas é melhor tudo considerado (não é suficiente avaliar apenas qual é melhor sob esse ou aquele aspecto). Voltaremos nisso no item 6, quando falarmos da questão da comensurabilidade.
Demos aqui um exemplo com os aspectos quantidade de vítimas x sofrimento por vítima. Entretanto, a distinção entre melhor/pior em certo aspecto x melhor/pior tudo considerado poderia se aplicar a quaisquer outros aspectos que estivéssemos levando em conta.
5.3. Por que a distinção “em certo aspecto” x “tudo considerado” é importante?
A distinção entre o valor de uma situação sob certo aspecto e tudo considerado nos lembra do seguinte:
(1) Se uma situação é positiva/negativa ou melhor/pior sob certo aspecto, isso não implica necessariamente que seja positiva/negativa ou melhor/pior tudo considerado. Por exemplo, uma situação ser melhor sob certo aspecto não implica necessariamente que ja melhor tudo considerado (pois ela pode ter outros aspectos negativos predominantes).
(2) Se uma situação é positiva/negativa ou melhor/pior tudo considerado, isso não implica necessariamente que não tenha certos aspectos negativos/positivos ou piores/melhores. Por exemplo, dada uma situação ser melhor tudo considerado, isso não implica necessariamente que não haja nenhum aspecto no qual ela seja pior.
6. Como avaliar o quão boa ou ruim é uma situação “tudo considerado”?
Como vimos nos exemplos anteriores, uma situação pode ser boa/melhor sob certo aspecto e ruim/pior sob outro. Como podemos, então, avaliar o quão boa ou ruim é uma situação tudo considerado[5]? A seguir estão algumas possibilidades. Os exemplos serão dados, novamente, com os parâmetros quantidade de vítimas e sofrimento por vítima. Entretanto, é importante lembrar que a discussão aqui se aplica igualmente a quaisquer outros parâmetros.
6.1. Incomensurabilidade
Uma possibilidade é manter que há vários aspectos com valor ou desvalor em si mas negar que seja possível compará-los e que, então, avaliar o quão boa/ruim melhor/pior é uma situação é algo possível de ser feito apenas sob certo aspecto, mas nunca, tudo considerado.
Um problema com esse método é que não nos ajuda a escolher quando as várias opções são, cada uma, boa/melhor sob certo aspecto e ruim/pior sob outro. Esse método só nos ajudaria a escolher quando, dentre as várias opções, há uma que é boa/melhor sob todos os aspectos relevantes.
6.2. Abordagem monista
Outra possibilidade é manter que apenas um aspecto da situação é bom/ruim em si. Nesse caso, todos os outros aspectos possuem valor/desvalor apenas instrumentalmente, dependendo do quanto influenciam em aumentar ou diminuir aquilo que possui valor/desvalor em si.
Uma dificuldade para esse método é ter que explicar por que apenas um dos parâmetros é relevante em si. Voltemos no exemplo acima: se for a quantidade de vítimas, por que não a gravidade da situação das vítimas, e vice-versa? Isso não quer dizer que seja impossível fundamentar essa escolha mas, claramente, é algo que precisa ser explicado.
Além disso, conseguimos imaginar, tanto situações onde parece preferível ajudar um número muito maior de vítimas, mesmo que não estejam na pior situação, quanto situações onde parece preferível ajudar vítimas que estão em uma situação bem pior, mesmo que não sejam a maioria (mesmo quando em todas essas situações o sofrimento total agregado é o mesmo).
6.3. Multiplicar um fator pelo outro
Outra possibilidade é multiplicar um aspecto pelo outro (que é o equivalente a dar peso igual a ambos). No exemplo acima, multiplicaríamos a quantidade de vítimas pela gravidade da sua situação, e teríamos o sofrimento agregado.
Uma crítica a esse método é que, dependendo do quão maior for o número de vítimas, teríamos que considerar mais grave uma situação onde as vítimas tem um dano muitíssimo mais leve (imagine, por exemplo, um leve arranhãozinho), desde que seja um número muito maior de vítimas a ponto de o saldo total de sofrimento ser maior.
6.4. Estabelecer uma hierarquia entre os fatores
Outra possibilidade é atribuir um peso diferente aos distintos aspectos. Entretanto, aqui teria de ser explicado quais são os fatores que devem pesar mais, e por quê. Isso não significa que seja impossível fazê-lo, mas quem adota esse método teria que oferecer essa explicação.
6.5. Manter que os diversos fatores têm peso variável
Outra possibilidade é manter que nenhum dos aspectos tem peso fixo: dependendo do quanto tal aspecto já foi “preenchido”, seu peso diminui.
Por exemplo, se compararmos novamente os aspectos quantidade de vítimas e sofrimento por vítima, precisaríamos perguntar:
(1) O quão pior precisa ser a situação da minoria para que tenham prioridade?
(2) O quão maior precisa ser o número de vítimas que não estão na pior situação para que tenham prioridade?
Teremos de perguntar também se há um ponto a partir do qual nenhum aumento no outro fator pode fazer a balança pender para o outro lado. Por exemplo, haveria um ponto onde o dano é tão mais leve que nenhum aumento no número de vítimas pode fazer priorizarmos sua situação, dependendo do quão grave é a situação de cada vítima da situação com menos vítimas?
Como deve ter ficado claro, nenhum desses métodos dá uma resposta pronta e completa, e todos eles tem lá suas dificuldades. Entretanto, parece que tentar raciocinar com base neles é, ainda assim, melhor do que decidir a esmo.
REFERÊNCIAS
DRIVER, J. Moral Theory. In: ZALTA, E. N.; NODELMAN, U. The Stanford Encyclopedia of Philosophy, Fall 2022 edition.
HSIEH, N. ANDERSSON, H. Incommensurable Values. In: ZALTA, E. N.; NODELMAN, U. The Stanford Encyclopedia of Philosophy, Fall 2021 edition.
KAGAN, S. Normative Ethics. Colorado: Westview Press, 1998.
MASON, E. Value Pluralism. In: ZALTA, E. N.; NODELMAN, U. The Stanford Encyclopedia of Philosophy, Summer 2023 Edition.
SCHROEDER, M. Value Theory. In: ZALTA, E. N.; NODELMAN, U. The Stanford Encyclopedia of Philosophy, Fall 2021 edition.
ZIMMERMAN, M. J., BRADLEY, B. Intrinsic vs. Extrinsic Value. In: ZALTA, E. N.; NODELMAN, U. The Stanford Encyclopedia of Philosophy, Spring 2019 Edition,
NOTAS
[1] Doutor em Ética e Filosofia Política pela Universidade Federal de Santa Catarina, coordenador geral no Brasil das atividades da organização Ética Animal (www.animal-ethics.org/pt). É autor dos livros Uma breve introdução à ética animal: desde as questões clássicas até o que vem sendo discutido atualmente (2021) e Razões para ajudar: o sofrimento dos animais selvagens e suas implicações éticas(2022). Publicou também capítulos em outras obras e artigos em periódicos especializados, que podem ser lidos aqui: https://ufsc.academia.edu/LucianoCunha. Contato: luciano.cunha@animal-ethics.org.
[2] Para uma introdução à teoria do valor, ver Schroeder (2021).
[3] Para uma introdução às várias teorias da ética normativa, ver Kagan (1998). Para uma discussão sobre de que se constitui uma teoria da ética, ver Driver (2022).
[4] Sobre essa distinção, ver Zimmerman e Bradley (2019). Por vezes, no lugar do termo valor em si, utiliza-se os termos valor intrínseco e valor inerente. Contudo, dependendo da utilização dada por cada autor, os termos “valor intrínseco” e “valor inerente” expressam coisas distintas. Para evitar algumas possíveis confusões, falaremos aqui de bom/ruim em si.
[5] Sobre essa questão, ver Mason (2023) e Hsieh e Andersson (2021).
A produção deste texto foi financiada pela organização Ética Animal.
