Alguns vieses que podem influenciar a escolha de estratégias e a recepção do público

Luciano Carlos Cunha[1]

Sumário

1. Introdução

Em outro textos abordamos como vários vieses podem influenciar as pessoas em geral em relação às crenças e atitudes quando suas decisões afetam animais não humanos, incluindo ativistas da causa animal ao decidirem sobre quais problemas dar maior ou menor atenção e ao planejarem suas estratégias de ativismo.

Os vieses que abordaremos neste texto não se enquadram em nenhuma das categorias discutidas no outro texto, mas também podem influenciar, tanto a nós mesmos ao planejarmos estratégias de ativismo, quanto o grau com que o público aceita ou rejeita nossa mensagem.

Entretanto, os vieses discutidos em outros textos provavelmente exercem bastante influência. Clique aqui para ver uma lista de vários textos relacionados ao modo como vieses influenciam o modo como pensamos diversas questões relacionadas aos animais não humanos.

Os vieses a seguir podem estar presentes em nós mesmos e também no público. Tentar investigar se esse é o caso poderá ajudar a planejar melhor as estratégias de ativismo.

2. Vieses para observarmos em nós mesmos ao planejarmos estratégias de ativismo

Dentre os vieses que é importante verificar se não estão tendo uma influência em nós mesmos ao planejarmos estratégias, estão:

Falácia G. I. Joe. Tendência de pensar que saber que um viés cognitivo existe é suficiente para superá-lo[2].

Expectativa exagerada. Tendência de esperar ou prever resultados mais extremos do que aqueles que realmente acontecem.

Viés do otimismo. Tendência de superestimar a probabilidade de eventos positivos e subestimar a probabilidade de eventos negativos.

Viés de pessimismo. Tendência de superestimar a probabilidade de eventos negativos e subestimar a probabilidade de eventos positivos.

Viés de soma zero. Ocorre quando uma situação é incorretamente percebida como um jogo de soma zero (isto é, uma onde um ganho para um indivíduo necessariamente implica uma perda equivalente para outro). Esse viés pode influenciar os ativistas a não perceberem possibilidades de compromissos mútuos entre pessoas que pensam diferente sobre outros tópicos, e a pensarem que a divergência é maior do que realmente é.

Viés de informação compartilhada. É a tendência dos membros de um grupo de gastarem mais tempo e energia discutindo informações com as quais todos os membros já estão familiarizados. em comparação a informações das quais apenas alguns membros estão cientes. O viés de informação compartilhada é um exemplo de lei da trivialidade, que descreve a nossa tendência de dedicar uma quantidade desproporcional de tempo a assuntos triviais, e pouco tempo a assuntos importantes.

Correlação ilusória. Ocorre quando vemos uma associação entre duas variáveis ​​(eventos, ações, ideias etc.) que não estão realmente associadas. Esse viés pode nos inclinar a pensar, por exemplo, que um resultado positivo ou negativo ocorreu por conta de uma estratégia que empregamos (quando na verdade ocorreu por conta de outros fatores).

Viés de resposta. É a tendência de se fornecer respostas imprecisas, ou mesmo falsas, para que elas estejam de acordo com as normas sociais ou de acordo com o que achamos que quem fez a pergunta deseja ouvir. Esse viés acontece no cotidiano e também é comum em sujeitos de pesquisas. É importante ter isso em mente ao analisarmos estatísticas (pelo menos, as estatísticas que dependem do que os participantes reportam). Averiguar como a pesquisa foi conduzida e a metodologia utilizada pode ajudar a descobrir qual a probabilidade de os sujeitos terem dado respostas que não são sinceras.

Efeito de falso consenso. Ocorre quando superestimamos o quanto os outros compartilham de nossas crenças, valores e comportamentos. Ele induz as pessoas a projetarem suas atitudes e ideias pessoais nos outros.

Heurística de disponibilidade. É a tendência de pensarmos que aquelas informações das quais lembramos com mais facilidade ou temos mais familiaridade são necessariamente mais representativas daquilo que acontece na maioria das vezes.

No caso do planejamento de estratégias, o efeito de falso consenso juntamente com a heurística de disponibilidade pode nos inclinar a pensar que o resto das pessoas possui as mesmas tendências, valores, traços de caráter que possuem aquelas pessoas com as quais temos mais contato. Por conta disso, podemos ficar excessivamente pessimistas ou excessivamente otimistas em relação a como nossa mensagem será recebida, dependendo de como é o perfil das pessoas que temos mais contato. Em termos de abreviação, podemos chamá-lo isso de viés da bolha, pois é a tendência em pensar que o restante das pessoas são como a bolha de pessoas com quem temos mais contato.

Clique aqui para ver como o efeito de falso consenso influencia especificamente a crença dos ativistas em relação à receptividade do público no que diz respeito à proposta de ajudar os animais selvagens.

3. Vieses que podem influenciar como o público recebe nossa mensagem

Os vieses a seguir podem influenciar o modo como nossa mensagem será recebida pelo público. Se essa influência será em termos de facilitar ou de dificultar a aceitação da mensagem, é algo que depende do viés e de como nossa mensagem será apresentada. Isso está melhor explicado nos itens a seguir.

3.1. Vieses que influenciam na capacidade de entender e recordar informações

O modelo de níveis de processamento contraria a ideia de que a mera repetição nos ajuda a reter informações a longo prazo. Em vez disso, sugere que a informação entendida em um nível mais profundo, por meio de associações significativas, é mais fácil de lembrar. Os seguintes  efeitos estão relacionados a isso:

Efeito de dificuldade de processamento. A informação que demora mais para ser lida e sobre a qual se leva mais tempo pensando é mais facilmente lembrada posteriormente. Por essa razão, nem sempre simplificar demais a mensagem é o ideal.

Efeito de superioridade da imagem. Conceitos aprendidos pela visualização de imagens são lembrados com mais facilidade e frequência do que conceitos aprendidos pela escrita.

Efeito de espaçamento. Demonstra que a aprendizagem é mais eficaz quando repetida em seções espaçadas. Ao repetir e espaçar as informações, os indivíduos tendem a recordá-las melhor no futuro[3].

Efeito de atraso. Sugere que retemos melhor as informações quando há intervalos mais longos entre repetições dessas informações.

Efeito de teste. Sugere que lembrarmos mais facilmente das informações se as reescrevemos em vez de relê-las.

Efeito Google. É a tendência de esquecermos informações disponíveis em mecanismos de busca na internet porque sabemos que elas continuarão facilmente disponíveis[4].

Efeito humorístico. Mensagens humorísticas tendem a ser mais facilmente lembradas. Isso pode ser explicado: (1) pela especificidade do humor; (2) pelo aumento do tempo de processamento cognitivo para compreender o humor e (3) pela excitação emocional causada pelo humor. Diante disso, uma possibilidade é utilizar humor no ativismo. Entretanto, é algo que precisa ser planejado com cuidado pois, como a situação dos animais é terrível, e queremos que as pessoas percebam que ela é terrível, utilizar humor no ativismo pode ter o efeito de as pessoas não perceberem o quão séria é a questão. Outra possibilidade é utilizar humor para questionar argumentos e atitudes diante da terrível situação dos animais.

3.2. Casos individuais versus situações gerais

Considere os seguintes efeitos:

Efeito da vítima identificável. É a tendência de sentirmos maior empatia e um desejo de ajudar em situações em que as tragédias são sobre um indivíduo específico e identificável, em comparação com situações em que as vítimas são um grupo maior e anônimo de indivíduos.

Desaparecimento da compaixão. É a tendência para se comportar de forma mais compassiva para com um pequeno número de vítimas identificáveis ​​do que para com um grande número de vítimas anônimas.

Dada a existência desses vieses, uma opção de estratégia seria divulgar histórias de casos individuais de sofrimento dos animais (seja na natureza, seja na exploração) para chamar a atenção do problema como um todo (enfatizando, por exemplo, que a situação geral não são meros números, mas esse caso individual que tanto nos comoveu, só que repetido muitas vezes). Entretanto, há outro viés que sugere que isso precisa ser feito com cuidado para destacar o caso geral, pois se isso não for feito, mostrar o caso individual tende a contribuir para que as pessoas continuem a negligenciar a situação geral:

Negligência da taxa base. Quando recebemos informações sobre casos específicos e também informações gerais estatísticas e objetivas (a taxa base), tendemos a atribuir maior valor às informações específicas e muitas vezes ignoramos completamente as informações gerais.

3.3. O impacto de mensagens negativas e positivas

Considere os seguintes vieses:

Viés de negatividade (quanto à recordação): é a tendência de termos uma maior recordação de memórias desagradáveis em comparação com memórias positivas de igual intensidade.

Viés da negatividade (quanto ao impacto): eventos negativos têm um impacto mais significativo em nosso estado psicológico do que eventos positivos de mesma magnitude.

Dados esses vieses, parece que mostrar a realidade onde os animais sofrem (seja em relação aos animais selvagens, seja em relação aos animais explorados) parece ser uma boa estratégia.

Entretanto, o viés de negatividade não se aplica a todas as idades. Por exemplo, segundo a teoria da seletividade socioemocional, adultos mais velhos favorecem as informações positivas em detrimento das negativas em suas memórias. Ver também recordação eufórica. Entretanto, é importante observar que isso diz respeito à recordação das informações, não quanto ao impacto.

Outro efeito relacionado é a aversão à perda, que constata que a dor de perder é psicologicamente duas vezes mais poderosa que o prazer de ganhar. Isso pode sugerir que o reforço negativo pode ser mais eficaz em ter impacto em uma mensagem do que reforço positivo. Por exemplo, em vez de dizer que rejeitar o especismo é fazer a coisa certa, pode ter um impacto maior dizer que não rejeitar o especismo é fazer a coisa errada.

3.4. Vieses centrados em quem apresentou a informação

Os vieses a seguir influenciam na probabilidade de uma mensagem ser aceita ou rejeitada dependendo de características de quem apresentou a mensagem. Esses vieses influenciam tanto em termos de considerarmos uma informação como verdadeira ou falsa, quanto em termos de aceitarmos ou rejeitarmos um argumento quanto ao que devemos fazer.

O viés de autoridade inclina as pessoas a aceitarem informações ou a seguirem instruções sem avaliarem criticamente o conteúdo, simplesmente porque tais informações e instruções vieram de alguém que elas consideram uma autoridade no assunto. Para esse viés ter influência, basta que as pessoas considerem o mensageiro uma autoridade no assunto, mesmo que ele, de fato, não o seja.

Já o efeito mensageiro nos inclina a julgar a validade ou relevância de uma informação com base em sua fonte (seja uma pessoa, um veículo de comunicação, uma organização etc.). Em vez de analisar objetivamente o conteúdo da mensagem, as nossas opiniões sobre a pessoa que transmite a informação afetam nosso julgamento..Se confiamos no mensageiro, tendemos  aceitar o que ele nos diz sem avaliar criticamente sua ideia; se não confiamos, tendemos a rejeitar de antemão sua sugestão sem avaliar se sua ideia é plausível ou não.

Um exemplo clássico de viés de mensageiro é o seguinte cenário hipotético (que acontece muitas vezes na vida real): uma pessoa apresenta uma ideia e ninguém leva a sério a ideia; logo em seguida outra pessoa apresenta exatamente a mesma ideia e a maioria não apenas leva a sério a ideia, como também a aceita, muitas vezes de maneira entusiasmada.

Em um artigo de 2019 intitulado Who we listen to, who we don’t and why(“Quem nós escutamos, quem não escutamos, e por quê”) Stephen Martin e Joseph Marks discutem os tipos de fatores que mais influenciam na percepção de alguém como determinado tipo de mensageiro, seja em termos positivos ou negativos. Dentre esses fatores, os autores citam como principais: posição sócio econômica, competência, dominância, atratividade, cordialidade, vulnerabilidade, confiança e carisma. Novamente, é importante lembrar que esses fatores influenciam dependendo de como o público vê o mensageiro, independentemente do que o mensageiro realmente é. Peguemos como exemplo o fator competência. Se o público enxerga o mensageiro como alguém competente na área sobre a qual está a falar, tenderá a aceitar melhor sua mensagem, mesmo que esse alguém não seja, de fato, competente em tal área.

O efeito halo, por sua vez, acontece quando impressões positivas sobre algo (seja uma pessoa, uma organização, uma marca, um produto etc.) em uma área influenciam positivamente nossas impressões em outra área. Um exemplo clássico é quando se assume que um indivíduo fisicamente atraente provavelmente também é uma boa pessoa.

Já o efeito borda nobre faz com que a nossa percepção sobre se a responsabilidade social de uma empresa é ou não genuína dependa da fonte a partir da qual ouvimos falar dessa responsabilidade. Se ouvimos a partir da própria empresa, tendemos a ver como uma jogada de marketing. Se ouvimos a partir da instituição de caridade beneficiada pela empresa, tendemos a interpretar como generosidade genuína.

3.5. Vieses centrados em como a informação foi apresentada

Diferentemente dos vieses que vimos no item anterior, que são baseados em quem apresentou a mensagem, os vieses a seguir influenciam na aceitação ou rejeição de uma mensagem dependendo de como esta foi apresentada.

O efeito de enquadramento ocorre quando nossas decisões são influenciadas pela forma como as informações são apresentadas. Normalmente, isso tem a ver com o fato de a mensagem destacar os pontos positivos do que se está a defender e esconder os pontos negativos, e vice-versa. O exemplo clássico é o seguinte: suponha que o desinfetante A afirme “matar 95% dos germes”, e o desinfetante B diga que “apenas 5% dos germes sobrevivem”. Apesar de ambos anunciarem exatamente o mesmo efeito, o desinfetante A tem mais chances de ser escolhido, pois destaca a parte em que é eficaz, enquanto B destaca a parte em que é ineficaz.

De fato, muitas posições (seja quanto a metas, seja quanto a estratégias para alcançar uma meta) “sobrevivem” dessa maneira: só são aceitas porque destacam apenas os seus efeitos positivos e escondem os seus efeitos negativos.

Outro efeito similar ocorre quando aceitamos uma ideia somente porque não a entendemos bem. Por exemplo, há pessoas que aceitam o ambientalismo por acreditarem equivocadamente que este tem como meta garantir o bem dos animais que vivem na natureza. Outro exemplo: há pessoas que acreditam equivocadamente que, se consideram que os animais são prejudicados com a morte, então precisam rejeitar o critério da senciência e aceitar o critério da vida biológica, enquanto critério de consideração moral. Novamente, há visões que “sobrevivem” dessa maneira: sendo apresentadas ao público de modo que este a entenda equivocadamente, com vistas a aumentar sua aceitação.

Outros efeitos que dependem de como a informação foi apresentada são os seguintes:

Sobrecarga de escolhas: temos mais dificuldade de escolher se temos mais opções.

Efeito Nostalgia: sentimentos de nostalgia levam-nos a valorizar mais a ligação social e a gastar mais dinheiro.

Efeito compre agora. Esse efeito diz respeito à influência nas atitudes da associação de palavras que não estão relacionadas, mas possuem uma sonoridade ou grafia similar. O exemplo clássico é o seguinte. Imagine que você está lendo uma revista em inglês, cujo editorial termina com um grande “tchau” (bye em inglês). Em seguida, você vira a página e vê um anúncio de um produto. O efeito compre agora sugere que é mais provável que você compre o produto porque acabou de ler bye (que é similar à buy, “compre” em inglês).

3.6. A ordem em que as ideias são apresentadas influencia em sua recordação

Os vieses a seguir influenciam na recordação de informações dependendo da ordem em que as informações foram apresentadas:

Efeito de posição serial: descreve como nossa memória é afetada pela posição das informações em uma sequência. Itens próximos ao final de uma sequência são os mais fáceis de serem lembrados, seguidos pelos itens no início de uma sequência. Os itens do meio têm menos probabilidade de serem lembrados[5].

Entretanto, o efeito de lembrarmos mais facilmente dos itens próximos ao final de uma lista pode ser diminuído pelo efeito sufixo, que ocorre quando um item irrelevante é adicionado após o final da lista. Isso ocorre porque a mente se fixará no item do final da lista, mesmo que não faça parte da lista. Isso sugere que é importante terminarmos textos, palestras, vídeos com a conclusão principal que queremos que as pessoas retenham, sem adicionar comentários irrelevantes em seguida.

Efeito de primazia: é a tendência de lembrar mais da primeira informação que encontramos do que de informações apresentadas posteriormente.

Efeito de recência: é a tendência de lembrar mais das informações que nos foram apresentadas mais recentemente.

No presente item nos limitados a abordar como a ordem em que as informações são apresentadas influencia na recordação dessas informações. A seguir falaremos mais sobre como a ordem com que as informações são apresentadas influencia na aceitação ou rejeição do que elas propõem

3.7. A ordem em que as ideias são apresentadas influencia em sua aceitação ou rejeição

A ordem na qual as ideias são apresentadas também contribui para que sejam mais facilmente aceitas ou rejeitadas, e não apenas para que sejam recordadas ou esquecidas.

A seguir estão alguns relatos pessoais sobre experiências desse tipo em palestras sobre ética animal. Não são dados de pesquisas estatísticas. Entretanto, é algo que é observado também por outros autores, como Vinding e Horta.

Em palestras sobre ética animal, se é defendido logo de início que devemos ser veganos, e em seguida são apresentados argumentos a favor da consideração pelos animais, a tendência é o público rejeitar fortemente esses argumentos e tentar levantar objeções, com vistas a rejeitarem o veganismo. Entretanto, se é feito o contrário, isto é, quando a palestra é iniciada discutindo os argumentos a favor da consideração moral dos animais, normalmente é grande a aceitação dos mesmos e, consequentemente, se ao final da palestra é mencionado que uma implicação desses argumentos é sermos veganos, a resistência é bem menor.

Em casos assim, talvez isso nem seja resultado de um viés. Não é que há algo de mágico ou irracional no fato de uma ideia ser apresentada antes de outra ou vice-versa. O que ocorre é simplesmente que, se os argumentos que fundamentam a consideração moral dos animais não humanos são apresentados primeiro, então as pessoas podem entender claramente a base na qual está fundada a ideia de que devemos ser veganos (e também outras ideias, como a proposta de ajudar os animais selvagens e a preocupação com o futuro em longo prazo, por exemplo).

Se, por outro lado, é defendido primeiramente que devemos ser veganos (que é uma ideia controversa e muitas vezes entendida de maneira equivocada, como uma questão de saúde ou ambiental), para só em seguida apresentar os argumentos que fundamentam a consideração pelos animais, é esperável que a reação inicial seja de rejeição, uma vez que ainda não entendem as bases que fundamentam o veganismo e, adotá-lo requereria mudar um comportamento no qual já investiram muito tempo, além de contrariar o status quo.

Isso pode nos dar algumas dicas sobre como abordar outros assuntos até o momento controversos, como a proposta de ajudar os animais na natureza e o longoprazismo. 

  • Em linhas gerais, parece mais seguro primeiro apresentar os fundamentos teóricos que embasam uma prática, para só então falar das implicações práticas dessas ideias.
  • Parece também mais seguro começar pelas ideias menos controversas, e deixar as mais controversas por último.
  • Se defender determinada ideia controversa não for necessário para defender o ponto que almejamos, então parece que é melhor não defendê-la, pois com isso diminuímos as chances de rejeição.
  • Geralmente tem bons resultados enfatizar que, apesar de todas as discordâncias que podemos ter quanto a muitas coisas, ainda podemos concordar em várias questões.

Você pode ler mais sobre esse tipo de abordagem aqui.


Notas:

[1] Doutor em Ética e Filosofia Política pela Universidade Federal de Santa Catarina, coordenador geral no Brasil das atividades da organização Ética Animal (www.animal-ethics.org/pt). É autor dos livros Uma breve introdução à ética animal: desde as questões clássicas até o que vem sendo discutido atualmente (2021) e Razões para ajudar: o sofrimento dos animais selvagens e suas implicações éticas(2022). Publicou também capítulos em outras obras e artigos em periódicos especializados, que podem ser lidos aqui: https://ufsc.academia.edu/LucianoCunha. Contato: luciano.cunha@animal-ethics.org.

[2] Há estudos que sugerem que, em relação a alguns vieses, o mero fato de perceber que eles existem pode já ajudar a diminuir sua influência. Ver, por exemplo, CAVIOLA, L.; FAULMÜLLER, N.; EVERETT, J. A. C.; SAVULESCU, J.; KAHANE, G. The evaluability bias in charitable giving: Saving administration costs or saving lives? Judgment and Decision Making, v. 9, p. 303-315, 2014. Entretanto, quanto à outros vieses, isso não acontece. Sobre isso, ver KAHNEMAN, D. Thinking, fast and slow. New York: Farrar, Straus & Giroux, 2011.

[3] Ver também https://en.wikipedia.org/wiki/Spacing_effect

[4] Ver também https://en.wikipedia.org/wiki/Google_effect

[5] Ver também https://en.wikipedia.org/wiki/Serial_position_effect


A produção deste texto foi financiada pela organização Ética Animal.