Por vezes é defendido que não há nada de errado em matar certos tipos de animais, desde que a morte seja indolor. A seguir estão listadas as principais tentativas de justificar essa posição e as críticas a essas tentativas:
| Tentativa de justificar matar certos animais | Críticas à tentativa de justificativa |
| A morte não os prejudica porque não entendem o que é a morte | Isso é confundir ser prejudicado com ter consciência do prejuízo que terá. A morte priva alguém de continuar a desfrutar daquilo que lhe seria positivo, e isso é independente de entender ou não o que é a morte. |
| A morte não os prejudica porque não possuem desejos orientados para o futuro | A morte impede alguém de desfrutar aquilo que de positivo experimentaria caso não morresse, e isso independe de se esse alguém possui ou não desejos orientados para o futuro. Por exemplo, suponha que duas crianças se divertirão em um passeio amanhã, mas apenas uma delas é grande o bastante para entender o conceito de amanhã e formar um desejo de ir no passeio amanhã. Entretanto, se ambas morrem hoje, parece que são ambas prejudicadas. |
| São pouco prejudicados com a morte porque não são capazes de prazeres intelectuais, e estes são mais valiosos | Mesmo se esse fosse o caso, não fundamentaria a conclusão. O que teria de ser mostrado para fundamentar a conclusão é que prazeres não intelectuais não são valiosos (e não, que prazeres intelectuais são mais valiosos). |
| A prática de comê-los beneficia-os em geral, pois de outro modo não nasceriam | Se isso justificasse matar alguém, então todos os pais teriam direito de matar os filhos, desde que fizessem nascer outros para substituí-los. |
| São pouco prejudicados com a morte porque possuem uma conexão psicológica fraca com o seu futuro (pois suas mentes são mais simples). O grau de conexão psicológica depende do grau de memórias, intenções, desejos, etc. em comum entre dois instantes. | Duas críticas: (1) O fato de suas mentes serem mais simples pode implicar uma maior conexão psicológica, pois os seus conteúdos mentais variariam menos, e então a proporção de conteúdos mentais em comum nos diversos momentos seria maior (ainda que a quantidade seja menor). (2) Questionar a tese de que um alto grau de conexão psicológica (ou mesmo alguma conexão psicológica) seja necessário para alguém ser bastante prejudicado com a morte. Por exemplo, se alguém viveu pouco, e teria pela frente um futuro com experiências bastante positivas, parece que é prejudicado em alto grau se morrer (devido à morte impedir essas experiências), e isso é independente do grau de conexão psicológica com o seu eu futuro. |
Caso você queira se aprofundar nesse tema e consultar referências, o link a seguir contém uma lista de textos que discutem essas questões em detalhes:
https://senciencia.org/#dano-da-morte
A produção deste texto foi financiada pela organização Ética Animal.
